Campo Grande - Mato Grosso do Sul
Estilo Shaolin Sul
"Nan Shaolin Quan"
Os estilos da linhagem Shaolin do Sul sempre foram estimadas por seu foco em movimentos simples, eficazes e de curto alcance, poder devastador. Acima de tudo, a história tumultuosa e sangrenta da região antes e depois da queima do lendário Templo Shaolin do Sul o qual tem sido fundamental na formação das artes marciais do estilo do sul.
Na realidade, houve na verdade não um, mas três Templos Shaolin do Sul, todos localizados em áreas diferentes da província de Fujian:
O mais antigo era o Templo Putian, estabelecido em 557 dC, apenas 61 anos após o Templo Norte da China na província de Henan.
O Templo de Quanzhou foi estabelecida no século 9 dc, após o imperador da Dinastia Tang enviar um grupo de monges Shaolins do sul para proteger a costa de Fujian de ataques de piratas.
O terceiro Templo Shaolin estava em Fuqing e provavelmente foi estabelecido em algum ponto durante a Dinastia Song (960-1279 dC)
A História sobre estes três templos ainda é um tanto confusa. Não podemos dizer com certeza se todos os três templos coexistiram ao mesmo tempo, se sucederam um ao outro, ou mesmo se eram o Templo de Shaolin do Sul imortalizado nas lendas das artes marciais.
Durante a Dinastia Qing, o Templo Shaolin do Sul foi atacado e destruído completamente pelas tropas invasoras imperiais, todos os registros históricos foram queimados de tal forma que os pesquisadores atuais não poderam nem mesmo verificar quando o ataque realmente aconteceu: os registros são divididos entre as datas de 1674 e 1734, esta última data é a mais provável do acontecido.
O episódio tornou-se um dos mais importantes na história das artes marciais chinesas. Foi um divisor de águas, com a criação de estilos diferentes daqueles que eram antes. A queima do templo também entrou para o folclore como tema de diversas novelas, peças de teatro e inúmeros filmes. A maioria dos fãs de artes marciais estão familiarizados com a história do templo, mas muitas vezes confundem isso com o Templo Shaolin do Norte.
Há apenas algumas décadas antes, em 1644, a China estava em seu ponto mais baixo. A Dinastia Ming, que governou por 300 anos se tornou fraca, envaidecida e autocrática, e o país estava dilacerado por rebeliões. Em desespero, o último Imperador da Dinastia Ming cometeu suicídio se enforcando no topo de uma colina em uma árvore com vista para o Palácio Proibido. A China foi invadida pelos Manchu, um povo cuja a terra natal ficava a Nordeste da China, tradicionalmente nas fronteiras. Pelas condições que se encontravam a China durante a Dinastia Ming, eles não estavam em condições de oferecer nenhum tipo de resistência eficaz contra os invasores e dentro de poucos anos a maior parte da China estava sob o controle dos Manchu. É quando começou a Dinastia Qing pelos Manchu.
Somente nas províncias da fronteira da China que ainda havia resistência aos Manchu. Em Fujian, pela virtude de sua distância da capital, o seu terreno montanhoso e uma longa linha costeira, tornou-se a linha de frente na resistência. No início essa resistência foi iniciada, pelo General Koxinga lançando contra-ataques contra as Fortalezas Manchu ao Norte, mas depois de sofrerem pesadas derrotas no continente, Koxinga bateu-se em retirada para Taiwan.
Após a retirada do general, a resistência aos Manchus se tornaram clandestinas, gerando inúmeras sociedades secretas unidas sob a bandeira "Mate o Qing, traga de volta o Ming". Muitas dessas sociedades tinham fortes ligações com o Templo Shaolin do Sul. Não é de se surpreender que o Templo Shaolin deu suporte aos rebeldes. Naqueles tempos, os templos eram importantes como a política e o exército militar, bem como instituições religiosas, mas os Shaolins em particular tinham fortes ligações ao Trono Imperial (mil anos antes um grupo de monges de Shaolin salvou a vida do segundo Imperador da dinastia Tang) e por isso era natural para o Templo oferecer ajuda aos remanecentes da Dinastia Ming.
Pois há histórias contraditórias. Segundo alguns, o Templo Shaolin do Sul oferecia proteção aos oficiais rebeldes da Ming, que se inscreveram no templo, como alunos depois de serem derrotado pelos Qing. Outros relatos dizem que após o estabelecimento da Dinastia Qing, os monges primeiramente tentaram construir uma ponte com a nova Dinastia e enviaram alguns de seus lutadores para apoiar as tropas de Qing em uma campanha no extremo oeste da China, mas o único resultado disto era que os novos senhores da China ficaram com medo do poder e influencia do templo.
O que acabou por os Manchus decidirem que o Templo Shaolin do Sul era uma ameaça às suas regras, ordenaram que fosse totalmente destruido. A maioria dos monges foram assassinados pelos Manchus. Segundo a lenda, apenas cinco conseguiram escapar, por o Templo possuir as portas aberta a natureza isto garantiu que apenas cinco mestres escapassem do ataque dos soldados, muitos dos ex-alunos do templo ficaram seguros nos campos da região na época. Após a destruição do templos, os sobreviventes de repente se viram proibidos pelos Manchus queinstaurarão uma proibição a prática aberta de artes marciais. A partir deste momento as artes marciais no Sul da China começou a mudar e desenvolver as suas próprias características distintas.
A demanda por habilidades de luta estava em alta, enquanto ao mesmo tempo eram forçados a se manterem sigilosos o que significava que havia menos comunicação e cooperação entre diferentes mestres através das províncias. Nesta época centenas de novos estilos foram criados, como cada mestre foi obrigado a treinar por si só. Alguns destes estilos, tais como o "Estilo Garça Branca", "Estilo do Cão" e os "Punhos dos Cinco Ancestrais" eventualmente tornaram-se mais conhecidos, ganhando centenas de seguidores. Outros tornaram-se estilos de família fechadas, transmitida em segredo apenas de pai para filho. Foi um momento precário para artistas marciais, e muitos dos sinais e símbolos secretos das artes marciais do sul foram desenvolvidas durante este período.
Em geral, estes novos estilos enfatizou simplicidade e eficiência dos movimentos, juntamente com um alto poder destrutivo. Um estudante deveria treinar para infligir danos pesados, logo que possível em seu treinamento, sem saber quando sua vida poderia depender disto. Treinamento rigoroso era a chave de cada estilo, para edificação do corpo até o ponto onde ele poderia gerar e manipular rapidamente a força maxima. A máxima para as artes marciais do sul era que "No Shaolin do Sul, nenhum movimento é inutil".
Praticar em segredo tinha seus próprios resultados. Por um lado, as tradicionais armas de guerra não eram mais permitidas (pelo menos ao ar livre), porem a agricultura e outras ferramentas de uso diário foram bem aproveitadas e novos padrões foram desenvolvidos especificamente para eles. Outro resultado foi uma redução geral de padrões, como o treinamento foi feito muitas vezes por trás de portas fechadas, onde o espaço e o tempo eram um prêmio.
Os lutadores dos séculos 18 e 19 no sul da China não só tinham a resistência aos Manchus, como este foi um período de grande sofrimento e fome, conflitos comunais e cultos religiosos. A Rebelião Taiping em meados do século 19, para citar apenas uma, é estimada ter custado mais de 20 milhões de vidas.
Não é de estranhar, portanto, que muitos dos melhores estilos conhecidos de hoje do Wushu Tradicional praticados têm suas origens neste período e que ao traçar a sua linhagem, levam ao Templo Shaolin do Sul. A difícil situação vivida durante a Dinastia Qing produzido resmas de estilos poderosos, eficazes e acima de tudo, excelentes artistas marciais dispostos a morrer para preservar a sua arte.